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Mais de 2,5 milhões de gaúchos são afetados pela suspensão das receitas digitais

Mais de 2,5 milhões de gaúchos são afetados pela suspensão das receitas digitais

Mais de 2,5 milhões de gaúchos são afetados pela suspensão das receitas digitais

A circular da Anvisa, que proíbe as farmácias gaúchas de aceitar receitas azuis e amarelas, emitidas pela plataforma on-line do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), pode afetar mais de 2,5 milhões de beneficiários dos planos privados de saúde e usuários potenciais dos receituários digitais, de acordo com levantamento realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A medida passou a vigorar oficialmente na quinta-feira (07), mas algumas farmácias passaram a recusar as receitas emitidas pelo sistema já na terça-feira (05).
Com o término da vigência da RDC 864/2024, que autorizava a emissão de receitas eletrônicas para medicamentos controlados enquanto durasse o Decreto de Calamidade Pública estadual, a Anvisa passou a exigir o uso do antigo sistema de talonário em papel e identificação por meio de carimbo. A decisão baseia-se no fato de que o prazo estabelecido para uso temporário do sistema, desenvolvido pelo Cremers para ajudar pacientes e médicos, esgotou-se.
“Nosso sistema é totalmente seguro, rastreável, auditável, eficaz e conta com o apoio do Conselho Regional de Farmácia do RS”, afirma o presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade. “Já a alternativa oferecida pela Anvisa é um verdadeiro retrocesso, porque retoma o uso do papel e do carimbo, que são facilmente fraudáveis”, completa.
Os números dão uma ideia da demanda pelas receitas on-line do sistema desenvolvido pelo Cremers. Desde a sua criação, em abril de 2020, foram emitidas 7.119.301 receitas de controle especial, por exemplo. Desde maio deste ano, foram emitidas 119.498 receitas amarelas e 140.253 receitas azuis.

Ação contra a Anvisa

O Cremers ajuizou ação civil pública com pedido de liminar para recorrer da decisão, solicitando o fim da vigência da RDC 864/2024, ao menos até que a Agência apresente alternativa compatível com a segurança e a celeridade da plataforma do Conselho.
A ação tem por objetivo fazer com que a Anvisa conceda autorização definitiva para a dispensação definitiva de medicamentos controlados por meio da plataforma do Cremers.

Entenda o caso

Em maio de 2024, com a calamidade climática, o Cremers, em parceria com o CRF- RS, ampliou a plataforma de emissão de receitas, incluindo os medicamentos controlados, beneficiando pacientes oncológicos e psiquiátricos que estavam isolados pelas enchentes ou tinham dificuldade de deslocamento.
Após várias reuniões, a Anvisa concedeu autorização temporária (com a mesma duração do Decreto de Calamidade do Governo do Estado), para a utilização das receitas.
Em uma resolução posterior, a Anvisa limitou o prazo ao dia 6 de novembro de 2024, sob a alegação de que estava desenvolvendo o seu próprio sistema virtual. Até o momento, esse sistema não entrou em vigor.

Texto: Antônio Bavaresco